Pages

“ANUNCIANDO O EVANGELHO DE MODO SEMPRE NOVO”
São Clemente
Tecnologia do Blogger.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Notícias: Falando um pouco sobre a experiência na África


Imagine!
Imagine uma área maior que o Distrito Federal, com estradas sem asfalto e com apenas uma pequena vila no meio do município. Com mais de cem povoados espalhados por montanhas e vales, alguns deles distantes mais de 80 km da vila principal, uma viagem de aproximadamente quatro horas de carro quatro rodas. Sem eletricidade na maior parte das aldeias, e água corrente não tem em qualquer lugar. Imagine mais, um distrito sem sistema de correios, sem telefones fixos. Mas ao mesmo tempo com uma rede de comunicação celular por cabo ótico, cobrindo toda a área rapidamente.  Aqui a maioria das pessoas vão descalças para trabalhar nos campos, para rezar em suas igrejas e para comprar e vender no mercado. Eles falam uma língua Bantu, Chichewa, e a maioria deles não sabem falar uma palavra da língua oficial de Moçambique - Português! Uma minoria da população é de fervorosos católicos praticantes, mesmo sem a presença de nenhum sacerdote no meio deles por mais de trinta anos por causa das guerras! Se você pode imaginar tudo isso, então você começou a imaginar a área onde vivemos e servimos, aqui em Furancungo, em Moçambique.

Pode parecer assustador, mas há um lado positivo. As paisagens são maravilhosas, com montanhas majestosas, vales verdejantes, nascer do sol e entardecer espetaculares. Água cristalina e pura é encontrada em poços profundos. Há um clima agradável, quente durante o dia, frio à noite. Milho, feijão, amendoim e manga, cana, abóboras, tomates, batata-doce, tabaco, todos crescem em abundância no solo rico. As pessoas são alegres e acolhedoras. Têm um senso de humor, gostam de cantar, dançar, tocar batuque na missa, casamentos, aniversários, batizados, sempre que eles podem encontrar um motivo! Eles vivem felizes numa simplicidade monástica. As mulheres se vestem com roupas coloridas brilhantes.

No momento somos três confrades nesta nova Missão Redentorista em Moçambique e Malaui: Pe. Michael Dempsey, que chegou de Belfast em setembro de 2013. Pe. Junior, um confrade brasileiro recém-ordenado que chegou em abril de 2014. E eu, Bernardo, depois de ter passado 43 anos no Brasil, agora estou no Moçambique há três anos. Para mim não é fácil aprender a língua Chichewa que é falada por cerca de 18 milhões de pessoas. O povo, CHEWA foi dividido pelos colonizadores em cinco países modernos: Malaui, Zimbabwe, Zâmbia, Tanzânia, Moçambique. Eles me contaram que há mais de um milhão de pessoas que falam Chichewa na África do Sul, migrantes em busca de trabalho.

Aqui tem uma história fascinante. As pessoas sofreram profundamente durante trinta anos de guerra. Estradas, pontes, escolas, edifícios e igrejas foram destruídas. Os sacerdotes que viveram aqui naquele tempo foram presos ou deportados, tanto pelos colonizadores portugueses ou pelo Governo marxista revolucionário depois da independência em 1975. Durante anos o povo católico se manteve firme, sem padres nem religiosas. Mas sempre sonharam e rezaram por missionários que viessem caminhar com eles.

A diocese de Tete não tem possibilidade de suprir essa necessidade por muitos anos. Por isso nós fomos convidados pela diocese para vir e acompanhar nesta área mais abandonada. O que eles querem de nós? Em primeiro lugar: celebrar a Eucaristia com eles, batizar seus filhos e os numerosos catecúmenos adultos, ouvir as suas confissões. Também querem formação e estudo da Bíblia, aprofundar a compreensão da fé cristã, construir suas capelas nas aldeias e, eventualmente, construir uma igreja paroquial decente no centro da paroquia aqui na vila de Furancungo.  Eles querem que visitemos os doentes levando o conforto dos sacramentos. Nos chamam para suas casas para abençoar seus filhos, que, por vezes, têm tanto medo de bruxas e feiticeiros que não conseguem dormir à noite. Eles sempre pedem-nos para abençoar as pessoas atormentadas por mãos espíritos, para dar-lhes esperança de cura.

E assim cada dia caminhamos aprendendo um pouco mais da língua, da cultura, do jeito africano de fazer as coisas. E pouco a pouco nos sentimos cada vez mais em casa, concretizando aqui no meio desse povo nosso sonho Redentorista, indo para onde a igreja não pode ou não quer chegar, evangelizando e sendo evangelizado por esse povo de Deus, nossos companheiros, mestres e alunos Chewa.

Por: Pe. Bernardo Brian Holmes







0 comentários:

Postar um comentário